- Ano: 2012
“Num cenário em que os desafios econômicos e sociais são cada vez mais complexos, são também cada vez mais os arquitetos que iniciam a sua prática profissional fora de um contexto tradicional de encomenda. Quer isto dizer que iniciam os seus próprios projectos, angariam fundos para os realizar, negoceiam lugares para os implementar e encontram legislação que permita a sua construção. Esta realidade questiona as estruturas tradicionais da prática (...) da arquitetura.”
in M. Pestana (Mai-Ago 2013), O Arquitecto Espontâneo, Jornal Arquitectos nº 247
SWING é o título de uma obra experimental concebida pelo colectivo Moradavaga no âmbito do programa Pop Up Culture promovido pela Capital Europeia da Cultura – Guimarães 2012.
Trata-se de uma instalação temporária e interactiva (a meio caminho entre a arquitectura, o design industrial e a obra-de-arte) que se baseia no princípio (ecológico) de baloiçar para produzir electricidade, pretendendo funcionar também como uma ode ao rico património industrial de Guimarães, reflectida nos seus dispositivos mecânicos e nos sons evocativos daqueles outrora produzidos nas antigas fábricas da cidade.
A plataforma de base (11230mm x 4844mm), constituída na sua quase totalidade de madeira, serve como um pódio para a estrutura dos baloiços ao mesmo tempo que contém o sistema eléctrico oculto. Corda de cânhamo tradicional, correntes, rodas, dínamos e luzes de bicicleta, contra-pesos de betão e ainda ferragens e parafusos de metal completam a paleta de materiais usada na construção.
Para além da resposta à função imediata do programa, de cariz lúdico e didáctico, foi intenção do projecto desenvolver e testar um sistema construtivo baseado na standardização e na pré-fabricação de elementos passíveis de serem facilmente montados/desmontados e transportados.
Neste sentido a eleição da Euro-Palete (1200mm x 800mm) de madeira como principal elemento construtivo surgiu como a solução natural dada a sua perfeita integração com os sistemas logísticos e de transporte vigentes.
Para além de nos basearmos na sua modularidade intrínseca, recorremos igualmente aos componentes em bruto (barrotes e réguas de madeira de Pinho nacional) usados na sua produção, explorando desta forma toda a cadeia produtiva associada ao fabrico deste tipo de paletes.Esta estratégia permitiu o desenvolvimento de um sistema integrado no qual o módulo construtivo como que se dilui no conjunto, conseguindo assim uma perfeita harmonia entre os vários elementos da composição.
Beneficiando do apoio logístico da empresa Palsystems – Paletes e Embalagens, Lda., foi possível aos dois elementos da Moradavaga, no espaço de uma semana, montar e testar a construção em armazém, tendo posteriormente sido desmontada, transportada e montada no seu local de implantação, a Plataforma das Artes e da Criatividade em Guimarães.
Também aqui a escolha da madeira como material construtivo se revelou acertada, uma vez que, em nosso entender, SWING foi capaz de estabelecer, durante a sua curta permanência na praça, um diálogo contrastante e esteticamente apelativo com as fachadas hi-tech em metal e vidro do multipremiado edifício concebido pelo atelier Pitágoras Arquitectos.
Uma vez que se tratou de uma obra efémera o fator sustentabilidade também entrou na equação projetual, estando asseguradas a reciclagem/reutilização da maior parte dos elementos utilizados na construção e a reintegração das paletes no circuito de usadas/retificadas.
Processo de Construção
Dado tratar-se de uma construção efémera, vários factores foram tidos em conta no ato de projetação.
Assim, as soluções idealizadas incidiram sobre processos de standardização e pré-fabricação de maneira a dar uma resposta eficiente à necessidade de fácil montagem, desmontagem e transporte dos diferentes componentes da construção.
Os aspectos relacionados com a sustentabilidade da intervenção também foram tidos em conta, adotando-se técnicas construtivas que permitissem o rápido desmantelamento da obra e o reaproveitamento dos seus diferentes elementos. Deste modo, a utilização de parafusos em vez de colas como meio de fixação das diferentes peças e a opção de aplicar a madeira sem qualquer tipo de acabamento possibilitam a sua reutilização para diversos fins. Para além disso a intervenção mínima efetuada nas Europaletes utilizadas permite a sua reintrodução no circuito de paletes usadas/retificadas, garantindo assim a continuidade do ciclo de vida das mesmas.
Elementos Construtivos (em madeira):
48 Europaletes em madeira de Pinho Nacional (1200mm x 800mmm)
22 peças em madeira de Pinho Nacional (4800mm x 100mm x 22mm)
6 peças em madeira de Pinho Nacional (3745mm x 144mm x 22mm)
2 peças em madeira de Pinho Nacional (4844mm x 144mm x 22mm)
11 peças em madeira de Pinho Nacional (4800mm x 100mm x 60mm)
10 peças em madeira de Pinho Nacional (2400mm x 100mm x 60mm)
4 peças em madeira de Pinho Nacional (1876mm x 100mm x 60mm)
4 peças em madeira de Pinho Nacional (600mm x 100mm x 180mm)
16 peças em madeira de Pinho Nacional (2500mm x 100mm x 22mm)
16 peças em madeira de Pinho Nacional (1895mm x 100mm x 22mm)